segunda-feira, 6 de outubro de 2008

Boa Notícia!


Pra quem não se lembra, Margareth Thatcher foi a primeira-ministra da Inglaterra durante o fim dos anos 70 e anos 80. Enquanto nos EUA o liberalismo econômico selvagem do Reagan fodia com os pobres e fazia chamego pros ricos, na Inglaterra era a mesma coisa com a Maggie. Ela cortou vários direitos sociais dos ingleses, aboliu o salário mínimo, privatizou uma pá de empresa, reprimiu duramente uma greve nacional dos mineiros, e foi intransigente com a Argentina no triste episódio da Guerra das Malvinas, contribuindo, com o lixo dos generais argentinos, pra morte de centenas de jovens soldados britânicos e argentinos.

Ela cumpriu um papel bacana nos anos 80, que foi ser a inimiga número um dos punks ingleses. Enquanto nos EUA o inimigo apontado em músicas era o Reagan, na Inglaterra era a Maggie, crucificada tanto pelo Crass quanto pelos toscos do Exploited.

Então, a notícia boa é que ela está louca. Isso mesmo, pirou, tá falando com os espíritos, despirocou, não tá batendo bem. De acordo com sua filha, ela está com demência . Não lembra das coisas. Um caso de justiça poética, digo eu.

Antigamente ela estava cagando e andando pros pobres e pros trabalhadores. Agora ela continua cagando, andando, e se esquecendo. Uma minúscula satisfação pra todo mundo que ela fodeu.

quarta-feira, 1 de outubro de 2008

Transsexuais no Irã

"SER COMO OS OUTROS (Be Like Others) – Mostra Gay

O Islamismo orgulha-se de ser uma religião capaz de oferecer solução para todas as angústias de seus fiéis. Nem que seja uma solução final. No Irã, desde há 25 anos, os homossexuais “diagnosticados” têm uma saída supostamente honrosa, e apoiada oficialmente: mudar de sexo. O grau de homofobia é tamanho que mesmo alguns transexuais ostentam seu ódio aos gays. Como o sexo anal é considerado pecado e desonra supremos, os homossexuais mais aparentes, quando não se suicidam (33% o fazem, segundo diz um médico no filme), submetem-se a brutais cirurgias para escapar ao apedrejamento ou à prisão pela Polícia Moral.

Esse é o quadro brilhantemente descortinado por Ser como Os Outros, doc rodado em Teerã por Tanaz Eshaghian, uma iraniana radicada em Nova York desde os seis anos de idade. Ela passou 45 dias com seus personagens sem enfrentar nenhum tipo de oposição das instâncias oficiais. O assunto não é tabu, uma vez que se trata de “corrigir um erro de Deus” – como define uma autoridade clerical – ou curar uma doença, como assume um transexual bem-sucedido. “Mudar de sexo não é pecado, assim como não há nada de mau em transformar o trigo em pão”, compara um clérigo. As pessoas operadas ganham estatuto de renascidos, com direito a nova certidão de nascimento.

A lógica muito particular dos iranianos no trato com o tabu da homossexualidade aparece não em informações frias e genéricas, mas diretamente no drama de jovens, no momento mesmo em que são atirados nesse beco-sem-saída e na interrelação com amigos, namorados e familiares. Boa parte do filme se passa no consultório ou na sala de espera do Dr. Mir Jalili, um especialista que já fez cerca de 500 operações nos dois sentidos. Outro tanto se passa no espaço doméstico dos personagens, onde os dilemas se tensionam até o limite da indiscrição.

É notável o acesso da diretora a esse universo tão íntimo. E o Irã se confirma mais uma vez como laboratório privilegiado do cinema direto contemporâneo, dada a disponibilidade das pessoas para serem observadas por uma câmera aparentemente inexistente. Ou, quando se trata de quebrar essa quarta parede, isso se faz com uma tal naturalidade que nada se perde da suposta “transparência”. Mas o filme também recorre a delicadas entrevistas e absorve exemplarmente o recurso da reportagem alheia. É quando uma jornalista da rádio estatal vem ao consultório do Dr. Jalili para conversar com seus pacientes e não faz mais que confrontá-los com sua visão fundamentalista dos gêneros e da sexualidade.

Vencedor do Prêmio Teddy (temática homossexual) no Festival de Berlim, Be Like Others alterna cenas de uma transgressão inimaginável para uma sociedade islâmica e momentos profundamente comoventes de desalento e solidão. Quando retoma alguns personagens meses depois da cirurgia, desvenda novo cenário de angústias e incertezas para as quais o Alcorão, ao que parece, não tem mais respostas a oferecer."

Copiei e colei daqui e o texto é da autoria de Carlos Alberto Mattos.

segunda-feira, 29 de setembro de 2008

Babaca Rico do Ano

Eu fico lendo os jornais e me dá uma azia brutal. Especialmente as colunas sociais.

Todos os filhos da puta do poder tão lá. O filho do cara que deu golpe no mercado financeiro. O filho do cara que quebrou um monte de lojas por especulação. O filho do cara envolvido com um escândalo bancário e de tráfico de influência.

E o que as colunas sociais dizem? "Fulaninho" - reparem que esses babacas ricos sempre são chamados por diminutivos ou nomezinhos fofos. Como Ricky, Ricardinho, Ri, essas coisas, acrescido do nome poderoso de família - "Fulaninho de Tal" foi visto com sua nova namorada, a modelo Delgada Anoréxica. "Paulinho" da Grana desfilou em Aspen com sua nova conquista, a global "Modelo Barra Atriz".

Porra!!! Os pais dos caras deram golpe, caralho!!! Passaram a perna em meio mundo, roubaram a grana de um monte de gente, e os filhos tão aí pagando de gatão, catando tudo que é mulher e ainda sendo apontados como modelos de comportamento masculino, como sonho de conquista da mulherada.

Brother, vai dar o cu. Que merda de sociedade é essa??? Filho de bandido pobre se fode, nem pra visitar o pai na cadeia em paz consegue - tem que levar a comida numa embalagem transparente, que o guarda da cadeia enfia a mão pra ver se tem coisa escondida, tem que ficar pelado e de cócoras pra ver se cai droga ou celular do cu.

E filho de bandido rico? Tá catando mulherada, apresentando programa de TV e sendo desejado pelas minas e invejados pelos caras.

Menos por mim.

É, rapeize, tô CAGANDO pra eles. Tenho certeza de que se eu estivesse num jantar com eles no Jockey Club, todo mundo ficaria rindo deslumbrado com um cara desses, e, no momento em que nossos olhares se cruzassem, eles iam perceber que EU SEI QUE ELES SÃO UNS BOSTAS.

Talvez até isso influenciasse numa brochada mais tarde quando eles estivessem comendo uma anoréxica modelo/atriz. Mas provavelmente não.

De qualquer modo, sempre que eu vejo esse lixo de gente me vem à cabeça o Concurso Babaca Rico do Ano do Monty Python, que eu colei abaixo.

Falta legenda, mas acho que dá pra sacar do que se trata.

quarta-feira, 24 de setembro de 2008

O Nevoeiro

Fui assistir recentemente "O Nevoeiro" (The Mist - e não, não é a banda de metal de BH), baseado numa estória do Stephen King.

Quando meus amigos disseram que era baseado no Stephen King eu já fiquei meio assim. Sei lá, pensei, o cara tem um monte de série na TV, toneladas de estórias filmadas, uma pá de livro, deve ser um filme bunda. Mas como quem me recomendou foi muito enfático na qualidade do filme, acabei indo assisti-lo.

Ainda bem que venci meu preconceito (e é preconceito mesmo, um lance meio novidadeiro besta - porque o cara escreve faz décadas então a produção dele é ruim? Ponto negativo pra mim...)

O filme é fodido! Fodaço! Desesperado, angustiante, assustador, surpreendente, e trágico. Incrivelmente trágico. Não vou estragar o clima de quem for assistir, mas aqui bem que podia ser utilizada aquela frase da entrada do inferno do Dante Alighieri: deixem aqui toda a esperança vocês que entram.

A trama se desenvolve numa pequena cidade americana onde um nevoeiro, vindo de uma base militar, toma a cidade. Mas antes disso, várias pessoas estão reunidas num supermercado comprando mantimentos, acreditando que se trata o nevoeiro do prenúncio de um furacão. E quando o nevoeiro chega essas pessoas ficam presas no supermercado, submetidas a estranhos acontecimentos.

O que rola fora do supermercado não é explicado até o meio do filme, o que aumenta a angústia. Só s sabe que há coisas lá fora, que machucaram uma pessoa e que fazem com quem saia no nevoeiro não volte mais.

É esse medo do desconhecido que gera o maior pavor do filme: a reação das pessoas presas no supermercado. Diante de uma situação limite as pessoas acabam fazendo opções filósoficas, políticas e comportamentais mais radicais, no sentido não de extremas, mas de próximas àquilo que realmente, no fundo, as motiva. Assim o povo preso no supermercado mostra o que tem de melhor e o que tem de pior no desenvolvimento da crise.

O melhor é a atuação do protagonista, um pai de família quarentão que está no supermercado com seu filho. O pior é o crescimento da influência de uma maníaca religiosa cristã, que vê nos acontecimentos um sinal da ira divina.

Daí em diante a situação vai se polarizando cada vez mais, e mesmo com monstros assustadores rondando o supermercado, o medo maior é das pessoas que estão lá dentro umas em relação às outras.

O final do filme é pior que um chute no saco. É como se alguém colocasse o saco num daqueles moedores de carne antigos, que eram fixados numa mesa. É a desgraça completa, a perdição absoluta, o questionamento visceral sobre quem somos e como reagimos com o que acontece, e o preço que se paga por isso.

Eu fiquei chocado, e adorei o filme.

Aqui um trailer chupinhado do Youtube:

sábado, 20 de setembro de 2008

Neoliberalismo Pra Inglês Ver

Bem, como eu presumo que se saiba, o neoliberalismo é aquela doutrina político-econômica que diz que o Estado não deve intervir na economia. Assim, as relações entre as pessoas devem ter o menor número de leis possível, devendo a maior parte do que se faz ser objeto de regulação pelo mercado. Numa síntese beeeem apertada, é isso.

E quem defende isso? Geralmente países com uma classe de proprietários de empresas - indústrias, serviços, agronegócio - que seja bem forte, que não queira leis sobre direitos do consumidor, direitos ambientais, direitos trabalhistas.

A estória toda é furada, pois quem defende essa idéia geralmente não admite o cinismo que tem por trás: essas empresas não querem o governo legislando CONTRA elas. Mas querem o governo legislando A FAVOR delas. Assim, por exemplo, nos Estados Unidos, se briga contra leis que dêem direitos ao consumidor e aos trabalhadores, mas, por outro lado, se exige que o governo crie leis protegendo o mercado do país contra importações e contra subsídios de outros países.

É mais ou menos como um casal onde o cara diz pra mulher que não quer que ela o chifre, mas ele continua a chifrar assim mesmo.

Bem, disse isso tudo porquê essa semana nós tivemos mais um exemplo lindo de como essa mentalidade neoliberal funciona: nos Estados Unidos o banco Leehman Brothers, a seguradora AIG e outras instituições financeiras anunciaram que iam quebrar.

SE o mercado realmente tivesse a capacidade que os neoliberais dizem que tem de se auto-regular, o que ele faria? Absorveria essa quebra, que - economicamente falando -iria causar prejuízos de um lado mas por certo geraria outros lucros e oportunidades de outro.

Então quem defende a economia de mercado deixou a seguradora quebrar, não é?

E-R-R-A-D-O! Claro que não. Mesmo o banco central americano não sendo diretamente um órgão do governo, é um órgão público, e tem recursos públicos, e acabou injetando na AIG a ninharia de 85 BILHÕES DE DÓLARES! Tá aqui, ó. E essa não é a primeira ajuda bilionária do dinheiro público americano a uma instituição financeira não. Com a quebra das instituições hipotecárias dos Estados Unidos no começo do ano, mais uns 200 BILHÕES foram disponibilizados pelo governo dos EUA pra ajudar essas empresas.

Eis aí a maravilha da economia de mercado: o governo fica na sua, não fazendo nada que não seja dar dinheiro quando a economia de mercado não funciona.

O que quem defende o neoliberalismo esquece de dizer é que esse dinheiro aí que eles recebem é público, é do povo americano.

Taí: no capitalismo os lucros sempre são privados, e os prejuízos são públicos.

A propósito, tô precisando de uma grana, só um milhãozinho. Será que o governo americano me empresta? Eu faço qualquer coisa!


Eu pareço bastante com esse cara da foto.
Também já fiquei pelado de óculos escuros.

sexta-feira, 19 de setembro de 2008

Louvado seja!

Que bom viver nestes dias de hoje!

Quando mais eu poderia descobrir - graças ao Metal Inquisition, claro - que existe uma banda de industrial-techno formado por um ex-integrante da banda de black-metal Emperor?

E quando eu saberia que ele faz suas performances maquiado de goblin? Ok, eu também não sabia que goblin é um duende do mal! Que nem os do Senhor dos Anéis.

Tô procurando uns trolls e orcs
pra montar um projeto de chorinho-rap.

Imagina quando eu ia pensar numa coisa dessas. Tô lá na balada - coisa muito comum, reconheço, mas tenho que dizer isso pros fins do texto - e de repente sobe no palco um monte de cabeludos com roupas de couro negro e o front-man é um duende do mal!

A-N-I-M-A-L!!!!

Olha aqui um video deles - esse é especialmente foda, pois o cara que personifica o duende está dando um rolê glacial sem camiseta, como se fosse um goblin à procura de alguma maldade pra fazer, como violentar uma virgem católica ou atormentar um deficiente mental. O que me faz considerar as brutais diferenças que existem entre esses personagens maléficos de outros países e os do Brasil. Aqui ele seria um saci e estaria atrás da Tia Anastácia pra, sei lá, sujar as roupas que ela deixou no varal, abrir o forno pro bolo murchar, essas coisas bunda que saci faz).

Olha o cara cantando:



Foda, né?

Que bom que eu vivo nestes dias de hoje.

quarta-feira, 6 de agosto de 2008

Jogos Olímpicos de Pequim


Pra mim, desde o começo, pareceu ser muito conveniente a decisão do Comitê Olímpico de sediar os jogos de 2008 em Pequim. (Aqui fica uma dica pra outro post sobre essas associações de esportes internacionais, que são privadas, nada democráticas e fazem o que querem sem ninguém poder controlar ou exigir nada). É um enorme mercado consumidor, quase todas as grandes empresas transnacionais estão lá, e o governo faz o que quer sem ninguém - sindicatos, oposição, ONGs - poder apitar nada.


É absurdo que um país que é campeão em violações aos direitos humanos, em violações ao meio-ambiente e de violações aos direitos dos trabalhadores receba tanto interesse da mídia assim e seja agraciado com os Jogos Olímpicos.


O que rola é que hoje em dia as empresas querem fazer um lucro muito maior do que fizeram nos anos 70 a 90. E onde vai fazer esse lucro? Economizando em salários, adequação ambiental e impostos. Pra isso levam suas fábricas pra China. Lá quem tem dinheiro manda, e manda com o apoio do governo.


É bizarro o país se dizer comunista, já que é uma verdadeira ditadura capitalista. Não tem oposição, nem liberdade de expressão. O governo faz o que quer, e quem discorda vai pra campos de trabalho forçados. O acesso à internet é feito por apenas 17 cabos, que são monitorados por um exército de 30.000 funcionários do governo chinês. E como se isso não fosse suficiente, gigantes do sistema de buscas como o Google ainda aceitam as restrições do governo pra impedir acesso a sites considerados ilegais.


Assim, quem quiser pesquisar sobre Tibete, massacre da Praça da Paz Celestial, etc., não apenas não vai conseguir, como, se insistir, fica sem acesso e pode ser até preso.


Que beleza, né?


Algumas das cidades mais poluídas do mundo estão na China. E não poderia ser diferente, pois com todas as fábricas estrangeiras indo pra lá, e com empresários locais produzindo pra empresas transnacionais, a última coisa em que se vai pensar é no meio-ambiente. E aí se joga o lixo tóxico em qualquer lugar, não se colocam filtros nas chaminés, se despeja esgoto nos rios e lagos. Tudo pra abaixar os custos, com a conveniência do governo.


E outros custos abaixados são os dos empregados, que recebem uma merreca pra trabalhar numa jornada longuíssima, sem quaisquer direitos.


Aí o mundo inteiro aplaude a China, cita que ela é o futuro do capitalismo - e o pior é que é mesmo, é o cenário ideal dos sonhos capitalistas.


Por isso se ninguém boicota, eu boicoto os jogos. Não vou dar ibope pra quem patrocina isso, pra quem divulga isso, nem pra quem está lucrando com isso.


quinta-feira, 10 de julho de 2008

Ensaio Sobre Sexo Anal - Parte I

Estava aqui conjecturando sobre o sexo anal. Sempre tive essa fascinação pela bunda, e ao descobrir que nela havia um buraquinho penetrável, fiquei vidrado na idéia. Tanto que antes de perder a virgindade, TODAS as minhas fantasias sexuais eram com sexo anal. Foi só depois de conhecer os prazeres da penetração vaginal que passei a dar importância ao sexo convencional.

Não sei por qual razão fiquei assim. Freud pode explicar como uma fixação na fase anal, mas neste ponto acho que ele foi meio superficial e moralista, o que contextualizo pela época em que nasceu.

Será que foi o fato de eu ter crescido nos anos 80, e a TV estar pululando de imagens de bundas? Pode ser. A reabertura pós-ditadura foi vendida para o Brasil como a liberação não da liberdade de expressão e pluralismo político, mas, quase que essencialmente como a liberação da sexualidade, censurada nos anos de chumbo. Daí que em todos os lugares estava estampado o corpo feminino, e a preferência nacional, a bunda.

Não acho que o só fato da bunda ser a preferência nacional tenha me levado inevitavelmente ao sexo anal. Mas sem dúvida facilitou muito esta opção pela avalanche de estímulos que eu recebi naqueles dias.

Musa do bumbum dos anos 80: Enoli Lara mostrando como mexia com a cabeça do brasileiro.

Na minha cabeça a bunda é a coisa mais bonita e desejável que tem numa mulher. É redonda, firme, arrebitada, se divide em dois gomos, tem um buraquinho. Pode ser penetrada pelos dedos, língua, brinquedos e pode ser "simplesmente" fodida. Pode ser beijada, acariciada, lambida, mordida e estapeada. Ou seja, é incrivelmente mais versátil que a vagina e que os seios, no que diz respeito às opções de sacanagem.

E mais: é indissociavelmente uma modalidade de sexo que envolve dominação e submissão. O fato de haver uma leve dor no começo e um desconforto até para as praticantes habituadas, que é superado pelo prazer da manipulação/penetração, gera uma aura psicológica de dominação que excita quem comanda e excita que sem expõe, quem se submete. E essa dominação no sexo eu acho extremamente excitante, e sem dúvida responde por uma boa parte da atração que o sexo anal gera em mim.

Acontece que tudo isso que eu disse eu sempre pensei, discuti com as pessoas, e formei um raciocínio de explicação e justificação pra mim.

Mas tem mais umas dimensões do sexo anal nas quais pensei estes dias, e que queria expôr pras cinco pessoas que acompanham este blog.

Na 2a parte deste texto vou desenvolver melhor o assunto.

quarta-feira, 2 de julho de 2008

Deus da Guerra

Cada vez mais nerd, eu estou jogando atualmente God Of War 2, no Playstation 2.

É um negócio fantástico. Se quando eu era mais novo já era difícil me tirar da frente do videogame - e na época era Telejogo e Atari -, caso eu tivesse um PS2 naquela época, muito provavelmente eu estaria hoje em dia fumando crack e dando o cu pra pagar meu vício de videogame.

Achei um "live action" do jogo, que amoadorei:


sábado, 28 de junho de 2008

Uma canção de amor

Jerry A., enamorado vocalista do Poison Idea

Pelos "Reis do Punk" - Poison Idea - Alan´s On Fire:
All my life I have been used by you
Time has come our game of love is through
Since I was born I've lived in the cold I've lived in the dark
Now I want heat now I want light igniting spark
I'm not a martyr but I am truth and you are a liar
But now my life of constant sadness goes up in the fire
I will - Be heard
And I will - Be heard
Step on me I'm here for you to see
I hope you choke as I go up in flames
I told you my problems but you never heard a word
This is the moment for once in my life I will be heard
I know there must be a better way but I don't know how
You've lied to me and you've ignored me
But you won't now
I will - Be heard
And I will - Be heard
All my life I have been used by you
Time has come our game of love is through
A burning passion from a burning mass
Reaches up for the sky
I've called you here my devoted family turn to watch me die
I'm not a martyr but I am truth and you are a liar
So now my life of constant sadness goes up in the fire
Yeah!One, two, three, four!
Tipo assim, pra cantar pros seus pais, esposos, namorados, cônjuges, companheiros, metelões e metelonas, como um desabafo. E se um cara desses sabe o que é amor, porra, então eu também sei!

quinta-feira, 26 de junho de 2008

Rude Boy

Sei que muitos leitores deste blog se interessam pelo sexo rude, pela dominação e pelo fetiche. Eu também. E daria pra escrever diversos tratados sobre o porquê dessa predileção pelo sexo incomum. Desde questionar a própria expressão incomum até justificar politicamente essa opção. Mas isso fica prum outro momento.

O que eu quero é falar um pouco sobre a deliciosíssima arte de Guido Crepax, o mais galante, estiloso, elegante e excitante desenhista a botar as suas fantasias e desejos no papel.

Ele criou nos anos 60 a personagem Valentina, que era inicialmente coadjuvante de um personagem masculino numa trama de ação. Mas talvez o espírito libertário dos anos 60, somado à viajandice da arte naquele momento e à sensação de liberação sexual levaram a história pra outros rumos: Valentina passou a protagonista, se envolvendo em situações crescentemente sensuais e fetichistas.

Aqui eu abro um parênteses que talvez explique pra mim mesmo minha fixação pelo sexo rude e pelo fetiche: as histórias da Valentina foram publicadas no Brasil nos anos 60 e 70, na revista em quadrinhos Grilo - e, pasmem, junto com a Turma do Charlie Brown., dentre outras tiras e estórias. E eu, um curiosíssimo pré-adolescente nos anos 80, tive acesso a essas revistas bem na minha formação da consciência e do desejo sexual.

Resultado: pra mim não apenas a dominação é normal numa relação sexual, como ainda é necessária, junto com o fetiche.

E isso tudo tem nas histórias da Valentina e, muito mais explicitamente, nos álbuns posteriores do italiano Crepax. Os dois melhores, na minha opinião, são "Anita", sobre uma mulher que tem uma fixação sexual com a televisão, e sua versão para "A História de O", onde ele é extremamente explícito, com diversos quadros de penetração anal, chicoteamento, torturas. Um colírio pros olhos e um bálsamo pros sentidos.

Detalhe de "A História de O".
No link acima se chega a mais páginas.


Pra quem curte BDSM, fetichismo,quadrinhos eróticos ou simplesmente uma boa sacanagem, fica aí uma dica prazeirosíssima. A Conrad lançou dois livros com compilações da Valentina, e em sebos se pode achar outras traduções pro português editadas pela L&PM na sua saudosa coleção Ópera Erótica.

quarta-feira, 25 de junho de 2008

Água Negra

Saiu agora no Brasil um livro sobre a Blackwater, que é uma empresa americana que fornece serviços de segurança pro governo dos EUA e pra empresas americanas.

Os serviços de segurança que eles prestam são na verdade serviços de mercenários: os seus funcionários são ex-soldados dos grupos de elite das forças armadas americanas, como o SEALS, dentre outros, altamente qualificados, ultra bem pagos, e que matam particularmente.

É, isso mesmo: pelos contratos bilionários que eles têm com o governo dos EUA eles podem usar da força letal pra atingir seus objetivos de proteção das instalações e serviços americanos e das empresas que os contratam.

Nessas, os mercenários da Blackwater massacraram 17 pessoas indefesas, civis, numa vila iraquiana. Isso na frente de testemunhas.
Entre um massacre e outro, um lanchinho
feliz pros mercenários da Blackwater!


Ou seja, se acham e estão acima da lei. Os EUA é bom nisso: joga com as situações conforme a sua conveniência. Pra esses serviços sujos de proteção das suas instalações usa a Blackwater, que não tem a obrigação de respeitar nem a Constituição americana nem os tratados internacionais de procedimentos em guerras ou em países ocupados. E quando prende gente que chama de terroristas, deixa os caras em prisões de outros países, como em Guantánamo, no Afeganistão ou mesmo em alto-mar, pra que eles não fiquem em território norte-americano e não possam ser julgados pela Justiça de lá. E ainda chamam os presos de combatentes ilegais, e não de soldados, pra que as normas internacionais de proteção de prisioneiros de guerra não os beneficiem.

A Blackwater tem um orçamento de bilhões de dólares. Pagos na maior parte pelo Departamento de Defesa dos EUA. Ou seja, muito conveniente, nein?

O livro se chama "Blackwater - A Ascensão do Exército Mercenário Mais Poderoso do Mundo", da editora Companhia dasLetras, e o seu autor é Jeremy Scahill.

sexta-feira, 20 de junho de 2008

Não é lugar pra amadores...

Tutti Vasques - um colunista do Estado de São Paulo que tenta ser o José Simão mais ácido, reacionário e sem graça alguma - falou hoje da "polêmica" envolvendo o desfile da top Karolina Kurkova na SP Fashion Week.

Dizia ele que a modelo exibiu gordurinhas e celulite, o que pra ele é uma falha imperdoável, e que a moda "não é lugar pra amadores".

Chocado com essa demonstração de simpatia e amor ao próximo, fui ver na internet qual a dimensão do que havia acontecido, e digitando no Google o nome da modelo e a palavra celulite vi que, realmente, no burgo feudal da moda o assunto é polêmico mesmo.

Eis as fotos da modelo que causaram a comoção social:

Fala sério...

O engraçado de tudo isso é que tirando as modelos, algumas mulheres que fazem fitness e a Lilian Pacce, todas as mulheres têm alguma celulite ou estriazinha. As estilistas têm, as costureiras, as RPs das marcas, as donas de agência. E, claro, as consumidoras de moda e especialmente as jornalistas de moda.

Mas essa "imperfeição" do corpo feminino é inadmissível, motivo de piada, sarcasmo, maldade fashion. O que eu penso sobre isso? Tô cagando pra esses padrões, tô cagando pra essa imperfeição inalcançável, tô cagando pra esse modelo único do que é o corpo feminino.

Que venham as celulites, as estrias, a gordurinha na cintura, a barriguinha, as ruguinhas nos olhos. Foda-se o que as revistas de moda acham do corpo da mulher.

Mas dá uma raiva absurda disso ser objeto de sarcasmo, de maldade desse povinho da moda. Como se todas as mulheres tivessem que passar fome, malhar que nem doidas o dia inteiro, não comer um carboidrato, pra ter esses corpos. Não dá. É como se eu quisesse ter o corpo do Scharzenegger malhando uma hora por dia: não dá, é impossível se você não direciona a sua vida só pra isso.

Por isso que eu respeito as atrizes pornôs: a Sandra Romain e suas estrias, a Flower Tucci e a Katja Kassin com suas celulites profissionais. Que, democráticas que são, também são pra amadoras.

quinta-feira, 19 de junho de 2008

Uma lei pra eles, outra lei pra nós

Duas notícias de hoje que não foram cruzadas na mídia: de um lado, uma investigação parlamentar só tornou claro aquilo que todos sabem, que as prisões do Brasil Varonil são masmorras medievais, sujas, insalubres, hiper-lotadas, violentas, onde presos dormem ao lado de porcos - é, porcos mesmo, isso foi em Campo Grande - MS.

De outro lado, um estudo da FGV no qual se verifica que apesar das condenações por crimes do colarinho branco terem aumentado nestes últimos dez anos, de 380 condenações judiciais analisadas apenas UMA resultou em prisão do acusado. As outras foram resolvidas com suspensão do processo, pagamento de cestas básicas, pagamentos dos prejuízos.

Crimes do colarinho branco são aqueles praticados pelos caras que aparecem rindo com suas famílias em comerciais de carros de 120 mil reais, em comerciais de imóveis de prestações de 3 mil reais. São os crimes dos patrões, dos executivos, de fraudes no mercado financeiro, fraudes bancárias, fraudes a investidores.

Eu quando era moleque e levantava meio moicano, morria de medo de ser preso. E com razão: não era ninguém. Um PM uma vez me disse que só não ia me quebrar a cara por estar na viatura o tenente dele, que não gostava dessas coisas.

Aí estudei, abaixei o moicano, e virei alguém. Acabei a faculdade como milhares de otários de famílias "de bem" e virei alguém. A última vez que a polícia me parou foi numa estrada em que estava a 137 por hora com meu carrinho mil.

O que os dois dados então querem dizer? Ué, lugar de pobre, preto, índio é na cadeia, no lixo, na merda. E lugar de doutor é na reinserção social, nos fins pedagógicos da condenação, na sanção judicial de se pagar os prejuízos causados. E só. Prisão nunca, só em situações especiais.

A divisão do nosso país em uma classe de hiper-privilegiados e uma classe de hiper-fodidos é gritante - berrante até - nessa diferença dos crimes dos ricos e nos crimes dos pobres. E na punição dos ricos e na punição dos pobres.

Tem cara que desfalcou milhões de reais na fraude e aparece na TV dando entrevista, saindo de balada com modelos, tá em coluna social e tal. Já o pobre bandido só aparece no Ratinho, no Datena, ou em algum outro histérico - ou neurastênico, como dizia meu avô. Engraçado que eles nunca trocam de lugares. Nunca vi um Datena da vida gritando enquanto seu câmera filmava um empresário indo preso.

Bem, na verdade, eles nunca são presos mesmo, não é?

quarta-feira, 18 de junho de 2008

Flower Tucci

Flower Tucci, a atriz pornô sensação do momento, famosa pelo gigantismo glúteo, pela voracidade sexual na prática do sexo rude, curte punk rock.

Eis o que ela postou no seu profile no myspace: "I really enjoy music, I could not live without my tunes!! I love to dance. Music improves my mood,inspires me,entrances,soothes my soul... my 1st love...pUnK rAwK: Angry Samoans, Blatz, Minor Threat, Fugazi, Naked Aggression, Guttermouth, The Vandals, Operation Ivy, Lunachicks, NOFX, Fed-Up, Voo Doo Glow Skulls, Pennywise, Gorilla Biscuits, Anti-Flag, Rancid, The Nobody's, Suicidal Tendencies, Misfits, Screeching Weasel, TSOL, Dead Kennedys, Anti-Flag, Bad Religion, Adolescents, The Ramones, Circle Jerks, Youth Brigade, The Addicts, Dropkick Murpheys, Clit 45, Black Flag, Sex Pistols, Wasted Youth, Cheap Sex, The Dead Boys, The Vibrators, Bad Brains, Decendents,,and many more...."

É meu lado moleque punheteiro, mas, porra, EU ADORO quando descubro que essas estrelas pornôs curtem um agacê. Fico imaginando ir num show e encontrar com uma delas, ou, melhor, encontrar com uma delas aqui no Brasil numa loja de discos e ela me perguntar "Poxa, você também curte um hardcore?"
Flower Tucci como raramente é vista - vestida - mostrando
apreciação pelo bom e velho heavy-metal também. Bang Your Head, Flower!

Têm mais estrelas do pornô que curtem punk e hardcore, futuras postagens desvendarão algumas delas.

quarta-feira, 11 de junho de 2008

Comporte-se, bi!

Tava assistindo semana passada aquele Mix Brasil, que passa no Canal Brasil nas noites de terça. Sempre tem alguma coisinha bacana e interessante, no mar de merda que é a TV brasileira - e, pergunto retoricamente, será que tem alguma TV boa?

Na última terça-feira passou um documentário sobre Laura de Vison, um transformista que faz shows na noite. Ele contou como se descobriu gay, contou que era professor de dia e se prostituía como transformista à noite, e que passou a fazer shows na naite, inicialmente comportadinhos e, depois, escrachados, com xingamentos ao público, nudismo, essas coisas.

Aí eu fiquei pensando num texto que li numa edição da Revista da Folha deste ano. Dizia que o movimento gay está se aburguesando, escolhendo valores heterossexuais e se tornando conservador.

Sempre houve o gay festivo e o gay comedido, sério. Mas parece que o senso comum respeita é o gay sério, não a bichinha afetada, promíscua. Como um dos valores da nossa sociedade é justamente a restrição do apetite sexual, muitos dos defensores dos direitos dos gays marginalizam quem curte a zoeira de ser gay e a putaria de ser gay. Como se ter prazer com o que faz fosse errado, o que é um raciocínio inconsciente do martírio judaico-cristão, do sofrimento como sendo um caminho pra felicidade. E o processo de controle sobre esse prazer é um exercício de poder, de doutrinação dos corpos.

Lógico que o afetamento apresenta o gay como sendo caricato, motivo de chacota, mas até aí o machão também está sujeito a isso, o corno também, o gordo, o gago, todos aqueles personagens que batem cartão nas piadas mais óbvias. Mas estar sujeito à caricatura não faz com que seja errado o afetamento.

O único entrave aqui é a questão da moral, que é das coisas mais flexíveis que existe, e que nesse caso vem de quem exerce um poder de dizer o que é certo e o que não é.

Parece, então que o que se tem é um único caminho para o gay, que é sua integração, significando aceitação da moral vigente e encaixe no papel de "parceiro fiel engraçadinho e não promíscuo". O gay pode ser engraçadinho, não pode é falar alto, ter trejeitos. O papel do gay é o de entreter até certo ponto. Depois desse ponto o gay vira a bicha, o viado, o estorvo.

Laura de Vison morreu ano passado, e deixou de ser estorvo e de constranger quem se incomodava com gente que vive aquilo que quer ser, que se joga no seu amor e no seu tesão.

Aqui - http://mixbrasil.uol.com.br/mp/upload/noticia/3_47_53559.shtml tem uma entrevista dela. Divirta-se.

domingo, 8 de junho de 2008

A Cidade do Ouro Perdido

Com todo esse burburinho em cima do quarto filme da série Indiana Jones - que ainda não vi, mas imagino ser diversão garantida - estava aqui pensando sobre o ramo de filmes de que essa série inaugurou, o dos exploradores aventurescos.Ok, tinha coisas do John Huston, mas nessa fórmula de MUITA ação e comédia leve, acho que foi o primeiro.

Aí vieram os seguidores dessa linha, poucos bons - como Tudo Por Uma Esmeralda e sua sequência A Jóia do Nilo, que são cheios de ação e muito humor.

Mas a maioria foi ruim, e dentre esses um dos mais constrangedores era uma adaptação do livro As Minas do Rei Salomão, do Henry Ridder Haggard - que em português foi traduzido pelo Eça de Queiroz, em versão que, dizem, superou o original. Eu li em português, e é foda.

O nome da gema cinematográfica era Allan Quattermain e a Cidade do Ouro Perdido, estrelado por Richard Chamberlain e Sharon Stone, então novinha.


O Richard Chamberlain só assumiu ser homossexual em 2003, mas já dava pra ver sua opção claramente na cara nesse filme. Ele deve ter feito umas mil plásticas já em 1986, ano do lançamento, pois está com um rosto esticadíssimo, que lembra a Eva Wilma.

Nada contra homossexuais fazendo papéis de hétero, muito menos em filmes de ação. Taí o Rocky Hudson que fez filmes machíssimos a vida toda. Mas o problema é que o Richard Chamberlain sempre foi meio "senhora", meio lorde inglês. Os papéis héteros pra ele - ou gays também - nunca deviam ser de personagem que cai em buraco, bate com pedra, dá murro em selvagem, nada disso.

O personagem dele devia bater com uma luva, chamando pra um duelo numa São Petersburgo do século XIX, ou sacar um florete e estocar o coração do inimigo. Na pior das hipóteses, devia ter uns capangas pra fazer o trabalho sujo dele. Tudo blasé, com emoções contidas, dramaturgia teatral, essas coisas de ator mesmo.

O resultado é que o filme não funciona com ele. A impressão é que é tudo forçado, feito a contragosto. Parece que em algum momento o Richard Chamberlain vai virar pra câmera e anunciar um desfile de fantasias de carnaval no Hotel Glória, dizendo "E agora Clóvis Bornay, com sua fantasia 'Pássaro Azul ao Pôr-do-Sol na Floresta da Baviera.'" Ou seja, nada crível.

Claro que o filme não é ruim só pela presença canastrona do Chamberlain. Tem uns monstros numa caverna que parecem os monstrinhos Créc (lembra? Créc-créc-créc, ao som de um mambo), e no fim do filme ele chega a uma cidade que ficou isolada por anos do contato com o resto do mundo, uma civilização perfeita... que só tem uns loiros e uns negões. Não tem UM mulato, crioulo, pardo, sarará, nada. Até parece que em 2000 anos de isolamento os loiros não iam querer conferir as negonas, nem que as loiras não iam ter a curiosidade de checar a melanina mais de perto.

Um filme sofrível, triste de se ver, mas que por isso mesmo ganha 6 macaquinhos de mim (de zero a dez), e fica como sugestão pra se matar o tempo com o bizarro.

quarta-feira, 4 de junho de 2008

Hussein Obama


E o Obama foi indicado realmente como candidato do Partido Democrata à presidência dos EUA. Só eu achei muito doido todo esse esquema dele ter que ser indicado pelos delegados do partido, fazendo uma campanha, pra só depois concorrer mesmo com o candidato do outro partido?

Os EUA são um país de marketing. Eles vendem idéias nas quais eles mesmos acreditam e nas quais o mundo também acaba acreditando. A maior das idéias vendidas é a de que eles são uma democracia, sendo que na verdade eles têm eleição indireta. E o que é pior, usam uns métodos de apuração de votos que parece que sairam de um filme de ficção científica dos anos 50, com grandes máquinas de alavancas e cartões perfurados.

Outra idéia vendida é a de que eles têm uma constituição maravilhosa, ótima, que garante liberdade e justiça. Não é verdade. Os estados que formam os EUA têm autonomia pra estabelecer as regras das relações das pessoas com as empresas - relações privadas - e as garantias constitucionais acabam só valendo quando a pessoa se vê perturbada pelo governo. Ou seja, contra o governo pode se alegar um direio constitucional, como o da intimidade, por exemplo, mas contra uma empresa não se pode alegar este direito.

É com base nestas constatações que tem que analisar o Barak Obama. Ele não quer que os EUA saiam do Iraque, não tem política contra a intervenção dos EUA em outros países, provavelmente vai manter o embargo contra Cuba e demonizar a Coréia e o Irã. No que então ele é tão "promessa" assim, como a mídia mais "esquerdinha" dos EUA tem realçado?

Ora, ele garante aquele mínimo de liberdades pessoais - lutar contra a discriminação, direitos das mulheres, direitos das minorias - com um mínimo de liberdades sociais - programas assistenciais do governo, recursos para saúde e educação. E só.

A situação macro dos EUA não é mexida por ninguém, e as nuances da diferença entre o Obama e o McCain são bem pequenas. Aí vem mais uma idéia vendida pelos EUA, a de que os democratas são de esquerda. E são tão de esquerda quanto o Partido da República ou o Democratas aqui no Brasil.

Daí que, mesmo com toda essa semelhança estrutural entre o programa do Obama e o que o Bush faz, o americano médio - que tá cagando pra democracia, liberdade e justiça - ainda vê o Obama como um negro muçulmano. E se bobear vai ser por isso que ele pode vir a perder, mesmo representando risco zero pra esse conservadorismo do homem-médio americano.

domingo, 1 de junho de 2008

Tudo azul

Li hoje no jornal que o Viagra já é um dos cinco medicamentos mais vendidos do Brasil, ao lado de ícones como Neosaldina, Tylenol e Dorflex.

O lance é que pro homem foi criada uma pílula pra melhorar sua performance sexual. A indústria não só se preocupou com a performance do homem criando esse medicamento, como ainda criou os congêneres do Cialis e Levitra (que nominho, hein? podia se chamar "Subrindo" ou "Crescendor", e até "Durex" se já não fosse marca).

Mas e pra mulher? O que tem pra auxiliar a mulher a chegar ao orgasmo? Nada. Nadinha, necas de pitibiribas. Na verdade, a maior parte das mulheres raramente tem orgasmos, e isso independente da idade ou da configuração biológica da mulher.

Uma pesquisa que li - vai no chutômetro, mas deve ser aproximado à realidade - estimava que 30% das mulheres nunca tiveram um orgasmo. Das 70% restantes, 65% tinham orgasmos raramente, e umas 5% com frequência.

E cadê a pílula do orgasmo feminino? Não tem. Mesmo com esses números chocantes e frustrantes, a mulherada não tem alternativa nenhuma pra gozar melhor, e nem pra meramente gozar.

Na verdade o próprio assunto do orgasmo feminino é visto com desdém pela maior parte das pessoas. Pode ver: os religiosos dizem que é pecado a mulher gozar - sendo que o gozo masculino é necessário pra transportar os espermatozóides; a ciência não estuda o assunto; a educação não ensina a mulher a conhecer seu corpo nem a estimula-lo; e a pornografia é tão ruim quanto os demais, por dar uma ênfase absurda à ejaculação masculina e não dar a mínima pro orgasmo feminino. A mulher nos filmes pornôs se limita a agir como puta, ter um corpo legal e gemer de prazer e satisfação quando é fodida e quando recebe aquele mingau de maizena na cara no fim da cena.

Mas gozo que é bom, nada. Quer dizer, tem exceções, como as atuações incríveis da Debbi Diamond, da Careena Collins, e o chuveirinho que é hoje a Flower Tucci. Mas em 99% dos filmes isso é ignorado completamente.

Careena Collins, orgasmática pornô quarentona formada em direito.

Os estudiosos do Viagra chegaram até a ver como a pílula azul agia na mulherada, mas sem resultados satisfatórios.

E aí, com toda essa tecnologia e liberação de hoje, continuamos a encenar os papéis sexuais do feudalismo, da Idade Média, com o orgasmo masculino sendo preocupação central da ciência, da saúde e da pornografia, refletindo a própria atuação sexual do homem, e o da mulher esquecido, reprimido, ridicularizado.

E isso que a mulher tem 3 tipos de orgasmos: o clitoriano, o vaginal e o ejaculatório, que é obtido pela junção dos dois anteriores. O homem tem dois, o peniano e o prostático, mas só usa o primeiro, que é o protagonista de toda a vida sexual da nossa sociedade.

A reportagem que eu li dizia que em casais idosos as mulheres se sentiam mal com o desempenho dos companheiros pós-Viagra. E com razão: o homem continua na pole-position, e a mulher fica na mão. Isso, quando consegue acertar a mão e sabe como fazer.

sexta-feira, 30 de maio de 2008

Obsolescência

Ontem assisti um programa no Discovery Channel - e essa é a típica frase que me qualifica como um nerd, afasta as mulheres, e me diminui perante os machos-alfa em geral - que mostra como se faz as coisas, acho que se chama - oh!- "Como Se Faz".

O item de ontem era um disco de vinil, desde a gravação dos sulcos com música numa placa de laca, passando por jatos de prata e banho de niquel pra fazer uma matriz e prensar o vinil individualmente.

O chocante de tudo, pra mim, foi ver que todo o maquinário da fábrica de vinis era antigo, meio enferrujado, kitsch, como aqueles documentários que mostravam homens de óculos grossos e ternos safari (safari suits).

Mesmo o vinil tendo começado a sumir faz uns dez, quinze anos, todas aquelas máquinas pareciam ser antigas demais, valvuladas, com botões grandes quadradões, luzinhas vermelhas e chaves de liga e desliga.

Aí hoje estava indo ao trabalho e embaixo de um viaduto onde acampam umas famílias de sem-teto havia uma pilha de fitas cassete. Devia ter uma duzentas fitas lá, todas das mais novas, caixinha transparente e não as caixinhas pretas e brancas que eu tinha dos discos da Donna Summer e da novela Guerra dos Sexos Internacional.

E me deu uma pena daquela tecnologia e de mim mesmo. Morreu o cassete, morreu o vinil, e morreram ótimas expressões como "troca o disco", "parece disco riscado" e "lado b". Que têm tanta força e sentido hoje quanto referências ao Fofão, ao bigode do Sarney ou à gostosa da Sandra Bréa - que já morreu, e quando eu falo dela sempre gera um ar de insipidez das pessoas com menos de 40 anos e um suspiro de tesão pré-histórico dos mais velhos.

Envelhecer também é isso. É tornar suas memórias obsoletas pelo simples fato delas não se referirem a mais nada da atualidade.

Mas é um problema da humanidade desde sempre. O homem que inventou o fogo, quando envelheceu, também devia falar dos dias sem fogo pra ouvintes mais jovens, que não deviam entender nada pela falta de referência sobre a vida sem fogo.

quinta-feira, 29 de maio de 2008

Um mês de spams.

A McAfee fez uma experiência com voluntários no mundo todo, pela qual as pessoas deveriam receber, abrir e seguir as instruções de todos os spams que recebessem.

Yeah, tudo! Desde sugestões pra se aumentar o pênis, conseguir virilidade, atrair mulheres, até fotos da menina Isabella, dos Mamonas Assassinados, e propostas de resgate de prêmios milhardários na Nigéria.

Durante um mês os voluntários foram atrás de todos os links, abriram todos os arquivos, baixaram todas as barras de ferramentas, fizeram tudo o que não se deve fazer.

O resultado dos participantes brasileiros, e seus comentários sobre a experiência, estão nos blogs de cada um, acessados por este link: http://www.mcafeespamexperiment.com/brazil.html

Eu fico bege de ver as mensagens que recebo, mas, via de regra, não abro nada. Acho que o bicho vai começar a pegar no Brasil quando os spammers começarem a fazer mais mensagens em português.

É que pra gente aqui do Brasil uma postagem como essa que recebi, tendo "Bvlgari Watches" como assunto, não chama muito a atenção. O texto dela - "MY JEWELER COULD NOT TELL IT WAS NOT A REAL ROLEX - More information how to buy an AAA+ quality replica!" sendo um link- é suficientemente panaca pra qualquer pessoa no Brasil que fale inglês sacar que é um spam com possibilidade de ser phishing.

Mas quem fala inglês no Brasil costuma ser um pouco mais criterioso e informado sobre esses golpes - por força meramente de ter mais educação formal, ler e tal. Se o texto desse spam fosse em português, oferecendo algum artigo da moda - sei lá, tênis Nike, calças Diesel, bolsas Prada - sem dúvida uma caralhada de gente iria clicar. E dançar, cularo!

Como já dançam nos phishings da Receita Federal, dos Correios, do Banco do Brasil, da Tim, da Gol, etc.

Ou seja, o que nos separa do caos é só a barreira linguística. Que em breve deverá ser superada por algum phisher/spammer atento às possibilidades de enganar.

quarta-feira, 28 de maio de 2008

Zombie Strippers!


Yeah, as coisas acabam se misturando sempre, como aqui: zumbis e atrizes pornôs.

Jenna Jameson- cujo nome já é um si uma gozação do reacionário chefe do Peter "Aranha" Parker -é a estrela desta aventura cinematográfica.

Com ela aparece Robert Englund, famoso principalmente por ter sido o terror dos sonhos da juventude oitentista-noventista.

Será que é bom? Dificilmente. Empreitadas dos atores pornôs no cinema "de verdade" costumam ser constrangedoras, sendo exceção, pelo que me lembro, apenas a Traci Lords na sua aparição com Johny Depp no clássico de John Waters "Cry Baby".

Se bem que eu não me entrego à correnteza da opinião comum de achar que as atrizes pornôs são putas, já que ficar dando na frente de uma equipe de filmagem, se arreganhando toda não é labor pra qualquer uma. Fingir um gozo convincente é interpretação sim, digna de Oscar e não só dos prêmios AVN.

Um link pro trailer desse filme está aqui: http://www.craveonline.com/videos/filmtv/00007529/zombie_strippers.html?