domingo, 8 de junho de 2008

A Cidade do Ouro Perdido

Com todo esse burburinho em cima do quarto filme da série Indiana Jones - que ainda não vi, mas imagino ser diversão garantida - estava aqui pensando sobre o ramo de filmes de que essa série inaugurou, o dos exploradores aventurescos.Ok, tinha coisas do John Huston, mas nessa fórmula de MUITA ação e comédia leve, acho que foi o primeiro.

Aí vieram os seguidores dessa linha, poucos bons - como Tudo Por Uma Esmeralda e sua sequência A Jóia do Nilo, que são cheios de ação e muito humor.

Mas a maioria foi ruim, e dentre esses um dos mais constrangedores era uma adaptação do livro As Minas do Rei Salomão, do Henry Ridder Haggard - que em português foi traduzido pelo Eça de Queiroz, em versão que, dizem, superou o original. Eu li em português, e é foda.

O nome da gema cinematográfica era Allan Quattermain e a Cidade do Ouro Perdido, estrelado por Richard Chamberlain e Sharon Stone, então novinha.


O Richard Chamberlain só assumiu ser homossexual em 2003, mas já dava pra ver sua opção claramente na cara nesse filme. Ele deve ter feito umas mil plásticas já em 1986, ano do lançamento, pois está com um rosto esticadíssimo, que lembra a Eva Wilma.

Nada contra homossexuais fazendo papéis de hétero, muito menos em filmes de ação. Taí o Rocky Hudson que fez filmes machíssimos a vida toda. Mas o problema é que o Richard Chamberlain sempre foi meio "senhora", meio lorde inglês. Os papéis héteros pra ele - ou gays também - nunca deviam ser de personagem que cai em buraco, bate com pedra, dá murro em selvagem, nada disso.

O personagem dele devia bater com uma luva, chamando pra um duelo numa São Petersburgo do século XIX, ou sacar um florete e estocar o coração do inimigo. Na pior das hipóteses, devia ter uns capangas pra fazer o trabalho sujo dele. Tudo blasé, com emoções contidas, dramaturgia teatral, essas coisas de ator mesmo.

O resultado é que o filme não funciona com ele. A impressão é que é tudo forçado, feito a contragosto. Parece que em algum momento o Richard Chamberlain vai virar pra câmera e anunciar um desfile de fantasias de carnaval no Hotel Glória, dizendo "E agora Clóvis Bornay, com sua fantasia 'Pássaro Azul ao Pôr-do-Sol na Floresta da Baviera.'" Ou seja, nada crível.

Claro que o filme não é ruim só pela presença canastrona do Chamberlain. Tem uns monstros numa caverna que parecem os monstrinhos Créc (lembra? Créc-créc-créc, ao som de um mambo), e no fim do filme ele chega a uma cidade que ficou isolada por anos do contato com o resto do mundo, uma civilização perfeita... que só tem uns loiros e uns negões. Não tem UM mulato, crioulo, pardo, sarará, nada. Até parece que em 2000 anos de isolamento os loiros não iam querer conferir as negonas, nem que as loiras não iam ter a curiosidade de checar a melanina mais de perto.

Um filme sofrível, triste de se ver, mas que por isso mesmo ganha 6 macaquinhos de mim (de zero a dez), e fica como sugestão pra se matar o tempo com o bizarro.

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