quarta-feira, 11 de junho de 2008

Comporte-se, bi!

Tava assistindo semana passada aquele Mix Brasil, que passa no Canal Brasil nas noites de terça. Sempre tem alguma coisinha bacana e interessante, no mar de merda que é a TV brasileira - e, pergunto retoricamente, será que tem alguma TV boa?

Na última terça-feira passou um documentário sobre Laura de Vison, um transformista que faz shows na noite. Ele contou como se descobriu gay, contou que era professor de dia e se prostituía como transformista à noite, e que passou a fazer shows na naite, inicialmente comportadinhos e, depois, escrachados, com xingamentos ao público, nudismo, essas coisas.

Aí eu fiquei pensando num texto que li numa edição da Revista da Folha deste ano. Dizia que o movimento gay está se aburguesando, escolhendo valores heterossexuais e se tornando conservador.

Sempre houve o gay festivo e o gay comedido, sério. Mas parece que o senso comum respeita é o gay sério, não a bichinha afetada, promíscua. Como um dos valores da nossa sociedade é justamente a restrição do apetite sexual, muitos dos defensores dos direitos dos gays marginalizam quem curte a zoeira de ser gay e a putaria de ser gay. Como se ter prazer com o que faz fosse errado, o que é um raciocínio inconsciente do martírio judaico-cristão, do sofrimento como sendo um caminho pra felicidade. E o processo de controle sobre esse prazer é um exercício de poder, de doutrinação dos corpos.

Lógico que o afetamento apresenta o gay como sendo caricato, motivo de chacota, mas até aí o machão também está sujeito a isso, o corno também, o gordo, o gago, todos aqueles personagens que batem cartão nas piadas mais óbvias. Mas estar sujeito à caricatura não faz com que seja errado o afetamento.

O único entrave aqui é a questão da moral, que é das coisas mais flexíveis que existe, e que nesse caso vem de quem exerce um poder de dizer o que é certo e o que não é.

Parece, então que o que se tem é um único caminho para o gay, que é sua integração, significando aceitação da moral vigente e encaixe no papel de "parceiro fiel engraçadinho e não promíscuo". O gay pode ser engraçadinho, não pode é falar alto, ter trejeitos. O papel do gay é o de entreter até certo ponto. Depois desse ponto o gay vira a bicha, o viado, o estorvo.

Laura de Vison morreu ano passado, e deixou de ser estorvo e de constranger quem se incomodava com gente que vive aquilo que quer ser, que se joga no seu amor e no seu tesão.

Aqui - http://mixbrasil.uol.com.br/mp/upload/noticia/3_47_53559.shtml tem uma entrevista dela. Divirta-se.

7 comentários:

Alessandro de Oliveira Campos disse...

Ei criatura! gostei do blog! e já tá adicionado no paladar...
mas eu tenho que perguntar: de quem é essa mão?! Sua? e porque o mistério?rsrs
abração!

Mão do Macaco disse...

Obrigadinho! Tenho que ver como adicionar esses blogs aqui.
A mão é do macaco, sou apenas um discípulo do que ela determina!
E o anonimato é um manto confortável, não é professor?
Abraços!

Xplastic disse...

Ola Mão do macaco, vc eh uma versão "Planeta dos Macacos" da mãozinha da Familia Adams?

Estou melhorando.


Obrigado por se preocupar.

Unknown disse...

Minha nova dança capilar:

http://img365.imageshack.us/img365/4151/fredni2.gif

Xplastic disse...

Nao so quero as velharias da Careena, como ja te convido para participar se vc estiver a fim. Vem ajudar a gente a falar do melhor assunto do mundo !

Unknown disse...

oi. gostei daqui tambem. obrigado pelo recado no meu.
vou acompanhar.
não vou perguntar quem é pq o ale ja perguntou e o anonimato é realmente um manto confortável, quase o manto invisivel do harry potter (ooops)
abs

Anônimo disse...

ADOREI SEU BLOG!!!
voltarei sempre!