sábado, 28 de junho de 2008

Uma canção de amor

Jerry A., enamorado vocalista do Poison Idea

Pelos "Reis do Punk" - Poison Idea - Alan´s On Fire:
All my life I have been used by you
Time has come our game of love is through
Since I was born I've lived in the cold I've lived in the dark
Now I want heat now I want light igniting spark
I'm not a martyr but I am truth and you are a liar
But now my life of constant sadness goes up in the fire
I will - Be heard
And I will - Be heard
Step on me I'm here for you to see
I hope you choke as I go up in flames
I told you my problems but you never heard a word
This is the moment for once in my life I will be heard
I know there must be a better way but I don't know how
You've lied to me and you've ignored me
But you won't now
I will - Be heard
And I will - Be heard
All my life I have been used by you
Time has come our game of love is through
A burning passion from a burning mass
Reaches up for the sky
I've called you here my devoted family turn to watch me die
I'm not a martyr but I am truth and you are a liar
So now my life of constant sadness goes up in the fire
Yeah!One, two, three, four!
Tipo assim, pra cantar pros seus pais, esposos, namorados, cônjuges, companheiros, metelões e metelonas, como um desabafo. E se um cara desses sabe o que é amor, porra, então eu também sei!

quinta-feira, 26 de junho de 2008

Rude Boy

Sei que muitos leitores deste blog se interessam pelo sexo rude, pela dominação e pelo fetiche. Eu também. E daria pra escrever diversos tratados sobre o porquê dessa predileção pelo sexo incomum. Desde questionar a própria expressão incomum até justificar politicamente essa opção. Mas isso fica prum outro momento.

O que eu quero é falar um pouco sobre a deliciosíssima arte de Guido Crepax, o mais galante, estiloso, elegante e excitante desenhista a botar as suas fantasias e desejos no papel.

Ele criou nos anos 60 a personagem Valentina, que era inicialmente coadjuvante de um personagem masculino numa trama de ação. Mas talvez o espírito libertário dos anos 60, somado à viajandice da arte naquele momento e à sensação de liberação sexual levaram a história pra outros rumos: Valentina passou a protagonista, se envolvendo em situações crescentemente sensuais e fetichistas.

Aqui eu abro um parênteses que talvez explique pra mim mesmo minha fixação pelo sexo rude e pelo fetiche: as histórias da Valentina foram publicadas no Brasil nos anos 60 e 70, na revista em quadrinhos Grilo - e, pasmem, junto com a Turma do Charlie Brown., dentre outras tiras e estórias. E eu, um curiosíssimo pré-adolescente nos anos 80, tive acesso a essas revistas bem na minha formação da consciência e do desejo sexual.

Resultado: pra mim não apenas a dominação é normal numa relação sexual, como ainda é necessária, junto com o fetiche.

E isso tudo tem nas histórias da Valentina e, muito mais explicitamente, nos álbuns posteriores do italiano Crepax. Os dois melhores, na minha opinião, são "Anita", sobre uma mulher que tem uma fixação sexual com a televisão, e sua versão para "A História de O", onde ele é extremamente explícito, com diversos quadros de penetração anal, chicoteamento, torturas. Um colírio pros olhos e um bálsamo pros sentidos.

Detalhe de "A História de O".
No link acima se chega a mais páginas.


Pra quem curte BDSM, fetichismo,quadrinhos eróticos ou simplesmente uma boa sacanagem, fica aí uma dica prazeirosíssima. A Conrad lançou dois livros com compilações da Valentina, e em sebos se pode achar outras traduções pro português editadas pela L&PM na sua saudosa coleção Ópera Erótica.

quarta-feira, 25 de junho de 2008

Água Negra

Saiu agora no Brasil um livro sobre a Blackwater, que é uma empresa americana que fornece serviços de segurança pro governo dos EUA e pra empresas americanas.

Os serviços de segurança que eles prestam são na verdade serviços de mercenários: os seus funcionários são ex-soldados dos grupos de elite das forças armadas americanas, como o SEALS, dentre outros, altamente qualificados, ultra bem pagos, e que matam particularmente.

É, isso mesmo: pelos contratos bilionários que eles têm com o governo dos EUA eles podem usar da força letal pra atingir seus objetivos de proteção das instalações e serviços americanos e das empresas que os contratam.

Nessas, os mercenários da Blackwater massacraram 17 pessoas indefesas, civis, numa vila iraquiana. Isso na frente de testemunhas.
Entre um massacre e outro, um lanchinho
feliz pros mercenários da Blackwater!


Ou seja, se acham e estão acima da lei. Os EUA é bom nisso: joga com as situações conforme a sua conveniência. Pra esses serviços sujos de proteção das suas instalações usa a Blackwater, que não tem a obrigação de respeitar nem a Constituição americana nem os tratados internacionais de procedimentos em guerras ou em países ocupados. E quando prende gente que chama de terroristas, deixa os caras em prisões de outros países, como em Guantánamo, no Afeganistão ou mesmo em alto-mar, pra que eles não fiquem em território norte-americano e não possam ser julgados pela Justiça de lá. E ainda chamam os presos de combatentes ilegais, e não de soldados, pra que as normas internacionais de proteção de prisioneiros de guerra não os beneficiem.

A Blackwater tem um orçamento de bilhões de dólares. Pagos na maior parte pelo Departamento de Defesa dos EUA. Ou seja, muito conveniente, nein?

O livro se chama "Blackwater - A Ascensão do Exército Mercenário Mais Poderoso do Mundo", da editora Companhia dasLetras, e o seu autor é Jeremy Scahill.

sexta-feira, 20 de junho de 2008

Não é lugar pra amadores...

Tutti Vasques - um colunista do Estado de São Paulo que tenta ser o José Simão mais ácido, reacionário e sem graça alguma - falou hoje da "polêmica" envolvendo o desfile da top Karolina Kurkova na SP Fashion Week.

Dizia ele que a modelo exibiu gordurinhas e celulite, o que pra ele é uma falha imperdoável, e que a moda "não é lugar pra amadores".

Chocado com essa demonstração de simpatia e amor ao próximo, fui ver na internet qual a dimensão do que havia acontecido, e digitando no Google o nome da modelo e a palavra celulite vi que, realmente, no burgo feudal da moda o assunto é polêmico mesmo.

Eis as fotos da modelo que causaram a comoção social:

Fala sério...

O engraçado de tudo isso é que tirando as modelos, algumas mulheres que fazem fitness e a Lilian Pacce, todas as mulheres têm alguma celulite ou estriazinha. As estilistas têm, as costureiras, as RPs das marcas, as donas de agência. E, claro, as consumidoras de moda e especialmente as jornalistas de moda.

Mas essa "imperfeição" do corpo feminino é inadmissível, motivo de piada, sarcasmo, maldade fashion. O que eu penso sobre isso? Tô cagando pra esses padrões, tô cagando pra essa imperfeição inalcançável, tô cagando pra esse modelo único do que é o corpo feminino.

Que venham as celulites, as estrias, a gordurinha na cintura, a barriguinha, as ruguinhas nos olhos. Foda-se o que as revistas de moda acham do corpo da mulher.

Mas dá uma raiva absurda disso ser objeto de sarcasmo, de maldade desse povinho da moda. Como se todas as mulheres tivessem que passar fome, malhar que nem doidas o dia inteiro, não comer um carboidrato, pra ter esses corpos. Não dá. É como se eu quisesse ter o corpo do Scharzenegger malhando uma hora por dia: não dá, é impossível se você não direciona a sua vida só pra isso.

Por isso que eu respeito as atrizes pornôs: a Sandra Romain e suas estrias, a Flower Tucci e a Katja Kassin com suas celulites profissionais. Que, democráticas que são, também são pra amadoras.

quinta-feira, 19 de junho de 2008

Uma lei pra eles, outra lei pra nós

Duas notícias de hoje que não foram cruzadas na mídia: de um lado, uma investigação parlamentar só tornou claro aquilo que todos sabem, que as prisões do Brasil Varonil são masmorras medievais, sujas, insalubres, hiper-lotadas, violentas, onde presos dormem ao lado de porcos - é, porcos mesmo, isso foi em Campo Grande - MS.

De outro lado, um estudo da FGV no qual se verifica que apesar das condenações por crimes do colarinho branco terem aumentado nestes últimos dez anos, de 380 condenações judiciais analisadas apenas UMA resultou em prisão do acusado. As outras foram resolvidas com suspensão do processo, pagamento de cestas básicas, pagamentos dos prejuízos.

Crimes do colarinho branco são aqueles praticados pelos caras que aparecem rindo com suas famílias em comerciais de carros de 120 mil reais, em comerciais de imóveis de prestações de 3 mil reais. São os crimes dos patrões, dos executivos, de fraudes no mercado financeiro, fraudes bancárias, fraudes a investidores.

Eu quando era moleque e levantava meio moicano, morria de medo de ser preso. E com razão: não era ninguém. Um PM uma vez me disse que só não ia me quebrar a cara por estar na viatura o tenente dele, que não gostava dessas coisas.

Aí estudei, abaixei o moicano, e virei alguém. Acabei a faculdade como milhares de otários de famílias "de bem" e virei alguém. A última vez que a polícia me parou foi numa estrada em que estava a 137 por hora com meu carrinho mil.

O que os dois dados então querem dizer? Ué, lugar de pobre, preto, índio é na cadeia, no lixo, na merda. E lugar de doutor é na reinserção social, nos fins pedagógicos da condenação, na sanção judicial de se pagar os prejuízos causados. E só. Prisão nunca, só em situações especiais.

A divisão do nosso país em uma classe de hiper-privilegiados e uma classe de hiper-fodidos é gritante - berrante até - nessa diferença dos crimes dos ricos e nos crimes dos pobres. E na punição dos ricos e na punição dos pobres.

Tem cara que desfalcou milhões de reais na fraude e aparece na TV dando entrevista, saindo de balada com modelos, tá em coluna social e tal. Já o pobre bandido só aparece no Ratinho, no Datena, ou em algum outro histérico - ou neurastênico, como dizia meu avô. Engraçado que eles nunca trocam de lugares. Nunca vi um Datena da vida gritando enquanto seu câmera filmava um empresário indo preso.

Bem, na verdade, eles nunca são presos mesmo, não é?

quarta-feira, 18 de junho de 2008

Flower Tucci

Flower Tucci, a atriz pornô sensação do momento, famosa pelo gigantismo glúteo, pela voracidade sexual na prática do sexo rude, curte punk rock.

Eis o que ela postou no seu profile no myspace: "I really enjoy music, I could not live without my tunes!! I love to dance. Music improves my mood,inspires me,entrances,soothes my soul... my 1st love...pUnK rAwK: Angry Samoans, Blatz, Minor Threat, Fugazi, Naked Aggression, Guttermouth, The Vandals, Operation Ivy, Lunachicks, NOFX, Fed-Up, Voo Doo Glow Skulls, Pennywise, Gorilla Biscuits, Anti-Flag, Rancid, The Nobody's, Suicidal Tendencies, Misfits, Screeching Weasel, TSOL, Dead Kennedys, Anti-Flag, Bad Religion, Adolescents, The Ramones, Circle Jerks, Youth Brigade, The Addicts, Dropkick Murpheys, Clit 45, Black Flag, Sex Pistols, Wasted Youth, Cheap Sex, The Dead Boys, The Vibrators, Bad Brains, Decendents,,and many more...."

É meu lado moleque punheteiro, mas, porra, EU ADORO quando descubro que essas estrelas pornôs curtem um agacê. Fico imaginando ir num show e encontrar com uma delas, ou, melhor, encontrar com uma delas aqui no Brasil numa loja de discos e ela me perguntar "Poxa, você também curte um hardcore?"
Flower Tucci como raramente é vista - vestida - mostrando
apreciação pelo bom e velho heavy-metal também. Bang Your Head, Flower!

Têm mais estrelas do pornô que curtem punk e hardcore, futuras postagens desvendarão algumas delas.

quarta-feira, 11 de junho de 2008

Comporte-se, bi!

Tava assistindo semana passada aquele Mix Brasil, que passa no Canal Brasil nas noites de terça. Sempre tem alguma coisinha bacana e interessante, no mar de merda que é a TV brasileira - e, pergunto retoricamente, será que tem alguma TV boa?

Na última terça-feira passou um documentário sobre Laura de Vison, um transformista que faz shows na noite. Ele contou como se descobriu gay, contou que era professor de dia e se prostituía como transformista à noite, e que passou a fazer shows na naite, inicialmente comportadinhos e, depois, escrachados, com xingamentos ao público, nudismo, essas coisas.

Aí eu fiquei pensando num texto que li numa edição da Revista da Folha deste ano. Dizia que o movimento gay está se aburguesando, escolhendo valores heterossexuais e se tornando conservador.

Sempre houve o gay festivo e o gay comedido, sério. Mas parece que o senso comum respeita é o gay sério, não a bichinha afetada, promíscua. Como um dos valores da nossa sociedade é justamente a restrição do apetite sexual, muitos dos defensores dos direitos dos gays marginalizam quem curte a zoeira de ser gay e a putaria de ser gay. Como se ter prazer com o que faz fosse errado, o que é um raciocínio inconsciente do martírio judaico-cristão, do sofrimento como sendo um caminho pra felicidade. E o processo de controle sobre esse prazer é um exercício de poder, de doutrinação dos corpos.

Lógico que o afetamento apresenta o gay como sendo caricato, motivo de chacota, mas até aí o machão também está sujeito a isso, o corno também, o gordo, o gago, todos aqueles personagens que batem cartão nas piadas mais óbvias. Mas estar sujeito à caricatura não faz com que seja errado o afetamento.

O único entrave aqui é a questão da moral, que é das coisas mais flexíveis que existe, e que nesse caso vem de quem exerce um poder de dizer o que é certo e o que não é.

Parece, então que o que se tem é um único caminho para o gay, que é sua integração, significando aceitação da moral vigente e encaixe no papel de "parceiro fiel engraçadinho e não promíscuo". O gay pode ser engraçadinho, não pode é falar alto, ter trejeitos. O papel do gay é o de entreter até certo ponto. Depois desse ponto o gay vira a bicha, o viado, o estorvo.

Laura de Vison morreu ano passado, e deixou de ser estorvo e de constranger quem se incomodava com gente que vive aquilo que quer ser, que se joga no seu amor e no seu tesão.

Aqui - http://mixbrasil.uol.com.br/mp/upload/noticia/3_47_53559.shtml tem uma entrevista dela. Divirta-se.

domingo, 8 de junho de 2008

A Cidade do Ouro Perdido

Com todo esse burburinho em cima do quarto filme da série Indiana Jones - que ainda não vi, mas imagino ser diversão garantida - estava aqui pensando sobre o ramo de filmes de que essa série inaugurou, o dos exploradores aventurescos.Ok, tinha coisas do John Huston, mas nessa fórmula de MUITA ação e comédia leve, acho que foi o primeiro.

Aí vieram os seguidores dessa linha, poucos bons - como Tudo Por Uma Esmeralda e sua sequência A Jóia do Nilo, que são cheios de ação e muito humor.

Mas a maioria foi ruim, e dentre esses um dos mais constrangedores era uma adaptação do livro As Minas do Rei Salomão, do Henry Ridder Haggard - que em português foi traduzido pelo Eça de Queiroz, em versão que, dizem, superou o original. Eu li em português, e é foda.

O nome da gema cinematográfica era Allan Quattermain e a Cidade do Ouro Perdido, estrelado por Richard Chamberlain e Sharon Stone, então novinha.


O Richard Chamberlain só assumiu ser homossexual em 2003, mas já dava pra ver sua opção claramente na cara nesse filme. Ele deve ter feito umas mil plásticas já em 1986, ano do lançamento, pois está com um rosto esticadíssimo, que lembra a Eva Wilma.

Nada contra homossexuais fazendo papéis de hétero, muito menos em filmes de ação. Taí o Rocky Hudson que fez filmes machíssimos a vida toda. Mas o problema é que o Richard Chamberlain sempre foi meio "senhora", meio lorde inglês. Os papéis héteros pra ele - ou gays também - nunca deviam ser de personagem que cai em buraco, bate com pedra, dá murro em selvagem, nada disso.

O personagem dele devia bater com uma luva, chamando pra um duelo numa São Petersburgo do século XIX, ou sacar um florete e estocar o coração do inimigo. Na pior das hipóteses, devia ter uns capangas pra fazer o trabalho sujo dele. Tudo blasé, com emoções contidas, dramaturgia teatral, essas coisas de ator mesmo.

O resultado é que o filme não funciona com ele. A impressão é que é tudo forçado, feito a contragosto. Parece que em algum momento o Richard Chamberlain vai virar pra câmera e anunciar um desfile de fantasias de carnaval no Hotel Glória, dizendo "E agora Clóvis Bornay, com sua fantasia 'Pássaro Azul ao Pôr-do-Sol na Floresta da Baviera.'" Ou seja, nada crível.

Claro que o filme não é ruim só pela presença canastrona do Chamberlain. Tem uns monstros numa caverna que parecem os monstrinhos Créc (lembra? Créc-créc-créc, ao som de um mambo), e no fim do filme ele chega a uma cidade que ficou isolada por anos do contato com o resto do mundo, uma civilização perfeita... que só tem uns loiros e uns negões. Não tem UM mulato, crioulo, pardo, sarará, nada. Até parece que em 2000 anos de isolamento os loiros não iam querer conferir as negonas, nem que as loiras não iam ter a curiosidade de checar a melanina mais de perto.

Um filme sofrível, triste de se ver, mas que por isso mesmo ganha 6 macaquinhos de mim (de zero a dez), e fica como sugestão pra se matar o tempo com o bizarro.

quarta-feira, 4 de junho de 2008

Hussein Obama


E o Obama foi indicado realmente como candidato do Partido Democrata à presidência dos EUA. Só eu achei muito doido todo esse esquema dele ter que ser indicado pelos delegados do partido, fazendo uma campanha, pra só depois concorrer mesmo com o candidato do outro partido?

Os EUA são um país de marketing. Eles vendem idéias nas quais eles mesmos acreditam e nas quais o mundo também acaba acreditando. A maior das idéias vendidas é a de que eles são uma democracia, sendo que na verdade eles têm eleição indireta. E o que é pior, usam uns métodos de apuração de votos que parece que sairam de um filme de ficção científica dos anos 50, com grandes máquinas de alavancas e cartões perfurados.

Outra idéia vendida é a de que eles têm uma constituição maravilhosa, ótima, que garante liberdade e justiça. Não é verdade. Os estados que formam os EUA têm autonomia pra estabelecer as regras das relações das pessoas com as empresas - relações privadas - e as garantias constitucionais acabam só valendo quando a pessoa se vê perturbada pelo governo. Ou seja, contra o governo pode se alegar um direio constitucional, como o da intimidade, por exemplo, mas contra uma empresa não se pode alegar este direito.

É com base nestas constatações que tem que analisar o Barak Obama. Ele não quer que os EUA saiam do Iraque, não tem política contra a intervenção dos EUA em outros países, provavelmente vai manter o embargo contra Cuba e demonizar a Coréia e o Irã. No que então ele é tão "promessa" assim, como a mídia mais "esquerdinha" dos EUA tem realçado?

Ora, ele garante aquele mínimo de liberdades pessoais - lutar contra a discriminação, direitos das mulheres, direitos das minorias - com um mínimo de liberdades sociais - programas assistenciais do governo, recursos para saúde e educação. E só.

A situação macro dos EUA não é mexida por ninguém, e as nuances da diferença entre o Obama e o McCain são bem pequenas. Aí vem mais uma idéia vendida pelos EUA, a de que os democratas são de esquerda. E são tão de esquerda quanto o Partido da República ou o Democratas aqui no Brasil.

Daí que, mesmo com toda essa semelhança estrutural entre o programa do Obama e o que o Bush faz, o americano médio - que tá cagando pra democracia, liberdade e justiça - ainda vê o Obama como um negro muçulmano. E se bobear vai ser por isso que ele pode vir a perder, mesmo representando risco zero pra esse conservadorismo do homem-médio americano.

domingo, 1 de junho de 2008

Tudo azul

Li hoje no jornal que o Viagra já é um dos cinco medicamentos mais vendidos do Brasil, ao lado de ícones como Neosaldina, Tylenol e Dorflex.

O lance é que pro homem foi criada uma pílula pra melhorar sua performance sexual. A indústria não só se preocupou com a performance do homem criando esse medicamento, como ainda criou os congêneres do Cialis e Levitra (que nominho, hein? podia se chamar "Subrindo" ou "Crescendor", e até "Durex" se já não fosse marca).

Mas e pra mulher? O que tem pra auxiliar a mulher a chegar ao orgasmo? Nada. Nadinha, necas de pitibiribas. Na verdade, a maior parte das mulheres raramente tem orgasmos, e isso independente da idade ou da configuração biológica da mulher.

Uma pesquisa que li - vai no chutômetro, mas deve ser aproximado à realidade - estimava que 30% das mulheres nunca tiveram um orgasmo. Das 70% restantes, 65% tinham orgasmos raramente, e umas 5% com frequência.

E cadê a pílula do orgasmo feminino? Não tem. Mesmo com esses números chocantes e frustrantes, a mulherada não tem alternativa nenhuma pra gozar melhor, e nem pra meramente gozar.

Na verdade o próprio assunto do orgasmo feminino é visto com desdém pela maior parte das pessoas. Pode ver: os religiosos dizem que é pecado a mulher gozar - sendo que o gozo masculino é necessário pra transportar os espermatozóides; a ciência não estuda o assunto; a educação não ensina a mulher a conhecer seu corpo nem a estimula-lo; e a pornografia é tão ruim quanto os demais, por dar uma ênfase absurda à ejaculação masculina e não dar a mínima pro orgasmo feminino. A mulher nos filmes pornôs se limita a agir como puta, ter um corpo legal e gemer de prazer e satisfação quando é fodida e quando recebe aquele mingau de maizena na cara no fim da cena.

Mas gozo que é bom, nada. Quer dizer, tem exceções, como as atuações incríveis da Debbi Diamond, da Careena Collins, e o chuveirinho que é hoje a Flower Tucci. Mas em 99% dos filmes isso é ignorado completamente.

Careena Collins, orgasmática pornô quarentona formada em direito.

Os estudiosos do Viagra chegaram até a ver como a pílula azul agia na mulherada, mas sem resultados satisfatórios.

E aí, com toda essa tecnologia e liberação de hoje, continuamos a encenar os papéis sexuais do feudalismo, da Idade Média, com o orgasmo masculino sendo preocupação central da ciência, da saúde e da pornografia, refletindo a própria atuação sexual do homem, e o da mulher esquecido, reprimido, ridicularizado.

E isso que a mulher tem 3 tipos de orgasmos: o clitoriano, o vaginal e o ejaculatório, que é obtido pela junção dos dois anteriores. O homem tem dois, o peniano e o prostático, mas só usa o primeiro, que é o protagonista de toda a vida sexual da nossa sociedade.

A reportagem que eu li dizia que em casais idosos as mulheres se sentiam mal com o desempenho dos companheiros pós-Viagra. E com razão: o homem continua na pole-position, e a mulher fica na mão. Isso, quando consegue acertar a mão e sabe como fazer.